terça-feira, 4 de outubro de 2011

Angel - Fanfic - 3º Capítulo

Vai aí mais um capítulo.






CAP.03
SO WHY YOU CAN’T YOU SEE…
YOU BELONG WITH ME
(N/A: ::soundtrack:: música 1) The Pretty Reckless – Heart
Ela paralisou. Esperei até ela engolir tudo.
Suspirei e ela me fitou de baixo, se repreendendo e depois suspirou também.
– Desculpa. – gaguejei. Ela me olhou. Desviei.
– Tudo bem, você tem razão...
– Razão? – fiz uma careta.
– É, sim... – ela pensou. Ela me olhou novamente, sustentando aquele olhar que eu sabia que não resistiria. Virei o rosto. – Você parece nervoso. – ela murmurou franzindo o cenho.
– Não é nada. – sorri, e logo desviei o olhar de novo.
Ela esperou, ainda me encarando.
Ela parou e fez uma careta e começou a me balançar.
– Ei! Eu estou aqui, olha pra mim. – ela fez uma careta, repreensiva.
A fitei incrédulo.
– Jully...
– O que? – ela parou, e ficou me analisando. – Por que você está nervoso?
– Não estou nervoso Jully, só que...
– Hum? Fala! – ela ordenou.
Tirei as mãos do casaco e, sem perceber, fui tocando nela.
Ela tirou os braços levemente e me encarou, fria.
Baixou a cabeça e engoliu em seco.
– Queria te beijar agora... – sussurrei.
Ela ficou com a cabeça baixa, já sabendo o que eu diria.
Quando levantou o rosto li sem querer seus pensamentos e saltei.
Fiquei errado e me afastei na hora.
– Kellan... você. – ela suspirou. Fez uma careta. – Você é um grande amigo pra mim, mas não sei se gosto de você realmente. Não queria arriscar, te magoar... Me magoar...
Beijei-a. Era tudo o que eu podia fazer naquela hora.
Calar sua boca com a minha. Tudo que eu podia e pensei foi isso.
Ela me empurrou e eu ofeguei rispidamente quando a soltei.
– KELLAN! – ela gritou, em um som cortado e quase rouco.
Ficou me encarando com uma cara atordoada e surpresa.
Desviei os olhos rapidamente até tomar coragem para encará-los.
– Desculpa. – gaguejei. Ela passou por mim num arranco e eu me virei pra puxar-la.
– Me solta! – ela berrou.
– Desculpa... Jully. Foi mal. Foi impulso. – eu gritava.
– Me larga! – ela entrecortou, tirando minha mão do seu braço em uma puxada feroz.
E voltou a me encarar, com a boca entreaberta.
– Pensei que você fosse diferente, que fosse meu amigo. O único amigo. Meu melhor amigo. – ela começou a chorar. Eu engoli em seco.
Ela se virou e saiu em passos largos.
– Espera! – comecei a correr atrás dela.
Ela deu uma olhada rápida para trás e fez uma careta, algo como Vá embora! e começou a quase correr.
– Jully! – berrei.
– Vai embora, me deixa! Saia!
Parei, deixando-a ir embora.
Baixei a cabeça e tudo que podia pensar era em como aquilo me fez sorrir por dentro.
“Eu estraguei tudo...”
“O que você fez?”
“Adam?”
“Eu. Ah! Pensei que tinha esquecido de mim por um minuto.”
“Não.”
“O que você fez Kell?”
“Nada...”
“Anda, fala logo cara.”
 Me virei, saindo.
“Não me diga... Ah! Cara, você beijou ela!?”
“Eu estraguei tudo.”
“Eu vi.”
“Você está fuçando minha cabeça, oh, Adam?”
“Não. Foi mal. Precisava ver o que tinha acontecido.”
“O que viu?”
“Pow! Cara, ela é linda! Você deu o maior beijo nela, ela deve ter ficado chateada! Kellan, você nem sabe chegar na garota cara...”
“Adam!” “Tá, foi mal.”

Bufei. Foi um fracasso, agora estraguei tudo, tudo de uma vez.
Agora ela nunca mais queria ver minha cara na vida. Agora a perdi completamente. Droga!
“Mas se ter que beijar-la for perder-la, então vou perder-la todo dia.”
“Ah cara! Isso ai! Pensei que tinha me expulsado da sua mente Kellan! É, vai atrás dela. Tenho até medo desses teus pensamentos Kell.”
 Ele riu e me fez rir também.
“Estou indo Adam!”
“É! Isso, vai atrás dela!”
“Não sei não... mas vou tentar.”

Três dias. Uma semana.
Passaram-se três dias, me faltava uma semana.
– E o que ela disse? – ela franziu o cenho enquanto mastigava o pedaço de alguma coisa.
Não respondi.
– Pensou que eu fosse um amigo diferente, me mandou ir embora, sair... – minha voz falhou. Engoli em seco.
– Calma Kell. Você tem que ter paciência com ela. Ela ainda não digeriu tudo, eu sabia que ela ia ficar assim. – ela parou pensando.
A fitei.
– Sabia? – franzi o cenho.
– Claro, claro que ela ia fugir. Você apareceu assim, do nada, dizendo que gostava dela e ainda a beijou. – ela sorriu na última parte, me fazendo uma careta.
– Er... – pigarreei.
Ela afagou meus cabelos.
– Vamos, se anime, já ela aparece ai e você vai ter que falar com ela. Vamos Kellan, levanta essa cabeça e sorri, cara, você conseguiu, a beijou! Era para você estar feliz, não ai, com essa cara de desânimo. – ela puxou meus cabelos pra cima.
– Ai! – gemi rindo.
Ela ficou séria. E acompanhei seu olhar...
– Vai. – ela sussurrou sorrindo.
Levantei e antes que pudesse dizer alguma palavra, ela passou por mim voando. Fiquei parado e me virei, incrédulo.
Ela nem olhou na minha cara.
– Kell...
– Não, tudo bem, eu já sabia. Eu já esperava que fosse assim. – baixei a cabeça. Suspirei.
– Olha, você vai atrás dela falar com ela. Você tem que saber, ela gosta de você, se não gostasse nunca teria saído e ido atrás de você como ela fez. Kellan, se tem uma coisa que posso dizer, confirmar, é que ela gosta de você também. Vai atrás dela agora...
– Ela nem olhou na minha cara. – a cortei.
Ela bufou.
– Bem, isso é verdade. Mas você tem que considerar que ela está fazendo tipo, chateada e com raiva por você ter atacado ela. – ela riu.
– Não vou atrás dela. – baixei a cabeça de novo.
Ela parou.
– O que? – ela gritou. – Você vai atrás dela agora! – ela se levantou e me empurrou com força a direção do pátio central. Por onde ela foi.
Comecei a rir.
– Não! – fiquei tentando olhar para ela por trás, mas ela continuava a me empurrar.
– Não vou atrás dela Lizz! Pára. – gargalhei, ela me fazia cócegas enquanto tentava me empurrar.
Ela desistiu e então me virei para fazer-la cócegas também.
Ela ria enquanto se debatia contra meus braços.
– Pára Kell! – ela balbuciava. – Eu só estava tentando te animar, te alegrar, para você ir atrás dela...
– Não! Você agora vai provar do próprio veneno. – eu ri.
– Ah! Eu sabia! – alguém gritou.
Me virei bruscamente. Sério.
– Jully? – franzi o cenho.
– Sabia que você só queria que eu fosse mais uma. O que? Ela é a primeira ou foi a segunda...
– Do que você está falando? – gritei.
– Disso! – ela fez um gesto com a mão.
A encarei, perplexo.
– A Lizz? A que tava me convencendo a ir atrás de você? – eu disse rispidamente.
Ela riu ironicamente.
– Não sou idiota. – ela murmurou, agora séria.
– Não, você só acha as coisas erradas onde não existe nada. – dei um passo.
Ela se afastou.
– Não se aproxime! – ela gritou.
– Vou deixar vocês dois pra resolverem isso. – sussurrou Lizz logo atrás de mim. Saindo.
– Não, você fica! – ela berrou.
Lizz parou e se virou incrédula.
– Por que tem que ser assim Jully? Não precisa disso, ela não tem nada haver. – me virei pra ela.
Ela passou as costas da mão nos olhos encharcados.
– Por quê? Por que você quer?
– Não, porque você me ama. – parei. Dessa vez quem chorava era eu. – Também. – engoli em seco. Ela também pareceu engolir em seco. Jully não respondeu. Se virou e foi saindo.
– Não venha atrás de mim! – ela falou se virando.


***
(N/A: ::soundtrack:: música 2) Sweitchfoot – You 
Era de manhã, outro dia. E meus olhos continuavam inchados.
– Droga! – resmunguei. O que diria para minha mãe? Que um cara simplesmente apareceu e me fez ficar completamente deprimida porque eu simplesmente não queria aceitar o fato de gostar dele? Não!
– Filha? – minha mãe gritava pela casa. Suspirei e dei uns segundos até me levantar.
Corri para o banheiro.
Ela abriu a porta num solavanco e depois a fechou.
Ufa! Suspirei.
Idiota! Sim, seu idiota! É tudo o que você é, você apareceu do nada e depois já estava com outra... Argh! Nunca devia ter confiado em você.


***
A vi chorando ontem a noite, li todos os seus desabafos, não porque queria ou porque precisava, mas porque eu ainda sou seu anjo.
Ela me chamou de todos os nomes possíveis e depois, quando já não mais pôde, apenas dormiu.
Engraçado, depois disso tudo, me peguei chorando com ela. Não porque eu sentia a sua dor, mas porque eu também chorava.
Hoje não a vi no colégio e nem encontrei com Lizzie.
Então corri para a porta para esperá-la, assim que chegasse iria prendê-la no portão e a obrigaria a responder.
Eu sabia, sabia que era verdade. Agora sim.
– Sai! – ela passou por mim correndo.
Peguei-a pelo braço e a fiz girar com força, se chocando contra mim.
– Não! Você não vai fugir de mim, não de novo! – murmurei ofegante.
Ela me encarou, surpresa.
– Me larga Kellan...
– Não, eu sei, você também. Você não me respondeu. – sorri meio torto.
Ela me olhou e depois desviou.
– Agora é sua vez, fala. – sussurrei enquanto fechava os olhos para esperar. Não queria que fugisse do controle de novo. Estava cada vez mais difícil ficar perto dela. Fechei os olhos e senti seu perfume, era como estar no céu de novo.
– Não vou falar nada, me solta. Preciso ir para a aula. – ela esperou, séria.
Abri os olhos e seu rosto estava comprimido.
– Você não me ama? – franzi o cenho suave. O sussurro foi tão baixo, que por um minuto achei que ela não tivesse ouvido. Mas ela ouviu. Aquilo foi a coisa mais difícil que eu fiz em toda minha vida.
– Me solta. – ela me olhou de baixo, seus olhos me fizeram ceder assim que os encontrei.
– Jully...
– Não me obrige. – ela parou enquanto se virava. – Não me obrigue a falar isso.
– Mas então não significou nada? Não significou nada para você? – minha voz falhou.
Ela não respondeu.
– Tchau. – ela murmurou e saiu.
Fui atrás.
– Jully! – gritei a puxando de novo para mim. Ela estava com uma carranca irreconhecível. – Desculpa. Mas eu...
– Tudo bem. Já passei por isso antes, não vou passar de novo. Só isso.
– Mas não sou igual aos outros caras, Jully! Eu te amo. – a balancei enquanto ela arregalava os olhos. – Eu nunca te faria sofrer, nunca te faria mal...
– Você já me fez sofrer. – ela me interrompeu, monótona.
– Não! Eu nunca te fiz, você que se precipitou a sofrer sozinha. – suspirei.
Ela sorriu.
– Então o que você quer? Não percebe que estamos na frente da escola em uma cena ridiculamente tosca? – ela mudou o rosto para a carranca de novo.
– Fala. – fechei os olhos.
– Não vou dizer nada. Me solte, por favor! – ela esperou.
Abri os olhos e me aproximei.
– Então vou fazer você dizer...
Encostei meus lábios e em um segundo já estava comprimindo seu corpo contra o meu incontrolavelmente.
Ela tentou me empurrar, sem chance.
Sorri ao lembrar que tinha o dobro de seu peso. Ela nunca conseguiria me tirar dela.
A soltei e antes que pudesse falar algo, ela me chutou no joelho.
– Ai! – fiz uma careta tocando meu joelho enquanto ela se afastava.
– Não me beije novamente Kellan! – ela estava chorando.
– Por quê? – levantei a encarando. – Por que isso te faz querer também? Por que você não consegue suportar o fato de gostar de mim tanto quanto eu? Porque você me olha do mesmo jeito que eu te olho? Por que você não quer que eu faça o mesmo que um dia alguém te fez? – minha voz falhou.
Ela parou.
Baixou a cabeça e passou as mãos nos olhos.
– Não... – ela suspirou. – Porque eu te amo. – ela começou a chorar de novo, enquanto levantava a cabeça. A fitei, surpreso. – Feliz? – Abri a boca, mas nenhum som saiu dela. – Está feliz porque você conseguiu? – ela arrumou a bolsa nas costas.
– Não...
– Hein? Fala Kellan! Responde! – ela partiu para cima de mim e começou a me empurrar.
– Você tem raiva de mim? – fiz uma careta.
– Eu te odeio! – ela gritou.
– Por que...
– Eu não quero nada. Será que é tão difícil assim... querer? Querer ir contra mim...
– É impossível Jully. – sorri. A prendi nos meus braços, em uma chave. – Não comigo aqui. – sorri e antes que a beijasse ela me empurrou, lutou contra minha força. Ela batia e me empurrava com força, mas não conseguia sair. Esperei até ela parar de se debater.
Então ela parou e me encarou, retraída.
– Acabou? – a fitei e depois a beijei de novo.


***
(N/A: ::soundtrack:: música 3) Jason Walker and Molly Reed – Down 
– Ele o que? – ela cuspiu a bala. Fiz uma careta, desviando o olhar. – Ele te beijou! – ela berrou.
Tasquei a mão na sua boca antes que alguém ouvisse.
– Está louca Allen? E se alguém ouviu, ou tivesse ouvido? – disse rispidamente.
– Ah, qual é Jully! – ela fez um bico. – Essa já é a segunda vez que um cara te beija na semana e você ai se preocupando...
– DEAM! – gritei e pus a mão na boca.
Ela parou.
– Que foi?
– Deam... E agora? – a olhei desesperada. – E agora Allen? O que eu faço? O que digo pra ele?
– Calma! Calma ai! – ela baixou meus braços.
A olhei angustiada.
Ela apenas me fitou, pensando.
– Você se esqueceu dele não foi? – ela sugeriu.
Baixei a cabeça.
Ela respirou fundo e me abraçou.
– Não o procure, deixe que ele venha atrás de você e conte a ele que você não o ama. Ele vai entender, se ele amar realmente você, vai entender. – ela sussurrou em meu ouvido.
– Ele vai sofrer! – balbuciei, chorando.
– Ele? Você que vai se não contar para ele! – ela acusou.
Limpei o rosto.
– Não vou contar. – disse, agora a fitando.

***
– Onde ela está? – berrei assim que avistei Lizz, sentada no muro da escadaria do pátio central. Estava a cinco metros dela.
Ela se virou urgente.
– Kellan? – ela murmurou fazendo uma careta.
– Lizz! – parei enquanto corria o mais rápido que podia.
Ela riu.
– Cadê a Jully? A viu? – atropelei ao chegar.
– Jully? – ela fez outra careta. – Está conversando com a amiga dela, subiu o corredor. – ela bufou monótona.
Não respondi.
– O que houve? – insinuei.
– Ham? O que?
– Você não parece bem... – toquei no seu rosto. – Esta abatida, parece que chorou...
– Estou bem. – ela sorriu fraco, me interrompendo.
Mentirosa, estava com uma cara péssima de choro.
– Não mesmo. – sorri irônico. – Conta! – falei me sentando ao seu lado.
– Você não ia atrás da Jullyane?
– Ia. – disse me virando para ela.
– Então vá. – ela suspirou, voltando seu olhar para o nada.
– Qual é Lizz! Fala logo o que aconteceu! – a empurrei de leve.
– Nada Kell. Pára. – ela resmungou.
– Foi alguém? – sugeri. Ela não respondeu. Baixou a cabeça, olhando os pés balançarem contra o concreto do muro. – Posso saber? – sussurrei, tentando não ser intrometido, mas já sendo.
– Ninguém. – ela sussurrou. – Que você conheça.
– Quem? – repeti, impaciente.
– Kevin O’Donnel. 2° ano. Manhã. – ela murmurou enquanto ainda fitava o nada.
– Acho que a amiga de Jully conhece, ela fala com os meninos do 2° ano. – bufei, me lembrando de tê-la visto falando com um grupo.
– É justamente por isso que estou triste... – ela sussurrou, com os olhos molhados.
Depois de uns minutos ela passou a mão nos olhos e me olhou.
– Tem haver com ela? A Alex? – franzi o cenho.
Ela riu.
– É Allen, atencioso! – ela voltou à cara monótona de antes.
– Eles...
– Se beijaram. – ela murmurou. – É, eu vi.
Não respondi, era muita coisa ao mesmo tempo.
– Não sei o que dizer Lizz. – gaguejei. E não sabia mesmo. A fitei e logo desviei para o mesmo nada que ela fitava. Eu não pensei em nada para confortá-la.
– Tudo bem...
– Tudo bem nada. Eu nem sabia que você gostava dele! – acusei. – Lizz, pô, você deveria ter me contado! Eu poderia ter ajudado...
– Não, não, tudo bem. Você não poderia fazer nada também, você era mais anti-social que eu,lembra? – ela fez uma careta, desta vez me encarando. – E mesmo que pudesse, eu não iria ter coragem de falar com ele. É só um amor platônico, não esquenta! Logo vai passar. – ela bufou.
– Logo vai passar nada! – disse bravo. – Você está ai, super mal, e nem me disse nada!...
– Obrigada, isso me ajudou muito. – ela fez um gesto com a mão. Não respondi. – Em que você poderia me ajudar? Hein Kellan? Você estava ai, super feliz com a Jully, eu não queria ser o ‘corta prazer’ de ninguém. – ela se virou, ficando de costas pra mim.
Não respondi de novo.
– Desculpa. – a puxei e a fiz me abraçar também.

***
(N/A: ::soundtrack:: música 4) Sum 41 – With Me 
– Oi! – ele me deu um susto.
Sorri.
– Oi. – disse fechando o armário.
Ele me fitou. Esperando.
– Acho que hoje não começou direito. – ele sussurrou para si.
– Por que? – fiz uma careta.
– Ah. Lizz está mal. – ele bufou. – E eu não sei e nem soube dizer nada, fazer nada pra ajudar. Ela é minha melhor amiga Jully, e eu nem a apoiei quando ela precisou. – ele baixou a cabeça.
Não respondi, de boca aberta.
– Nossa! Mas... – me interrompi, ao lembrar. E depois sorri. – Não é assunto meu. – disse por fim.
– Não tudo bem. – Kell sorriu. – Você não é nenhuma estranha. É só um cara que ela gosta. – ele disse numa careta, reprimindo os lábios.
– Hum. – fitei o chão.
Ele sorriu, malicioso e se aproximou, me abraçando.
– Senti sua falta ontem. – ele sussurrou. – Depois que fomos embora. Queria que tivesse ido pra minha casa.
– Hmm. – gemi. – Acho que hoje posso ir. – sorri.
Ele pensou.
– Você tem que ver o jardim, é lindo! – ele falou com brilho nos olhos.
– Você repara no jardim? – franzi o cenho.
– É, geralmente os caras da minha idade nunca olhariam para o jardim, mas é que onde eu morava não tinha nenhum. Agora temos. – ele me apertou contra seu tórax.
– Sua casa era pequena? – sugeri.
Ele riu.
– Não, é que as casas lá não são como as daqui, com jardins grandes, copas enormes e quintais espaçosos. – ele suspirou.
– Não sabia disso...
– Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. – ele falou com um sentido oculto.
– O que, por exemplo? – levantei uma sobrancelha.
– Muita coisa. – ele disse, me puxando para seu rosto.
Em vez de me beijar, ele apenas me abraçou.

***
Menti e menti. Tudo mentira.
Ela logo cairia no buraco e eu não havia pensado em nada para atrapalhar.
Lizz estava mal, muito mal, mas fingia indiferença. Mas eu via, tudo era mentira. Ela apenas fingia um sorriso enquanto chorava por dentro.
E eu não sabia o que fazer, nunca sabia.
Hoje levaria Jully para conhecer ‘minha casa’ que eu enchi de enfeites de dona de casa.
Ela nunca conheceria minha mãe, porque eu nunca tive uma. Não aqui, na verdade.
Aquele abraço foi como um conforto, para ambos os lados. Mas para mim do que para ela, acho.
Sabia que quando tudo isso acabasse, nunca mais a teria em meus braços, então tudo que eu podia fazer, era apertá-la o mais forte que pudesse.
Não a teria por muito tempo.

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