sábado, 1 de outubro de 2011

Angel - Fanfic - 1º Capítulo

Trago essa fanfic pra vocês, fãs de uma boa história.






SINOPSE:
Por fatores desconhecidos, o portal entre o Céu e a Terra se abriu, deixando assim a entrada de qualquer um, livre para viver eternamente. Jully descobre um dos portais e assim começa a aventura entre fantasias e sonhos que se tornam realidade, ela conhece Angel, o anjo que tem a missão de levá-la de volta para a Terra. O único anjo que irá tentar lhe levar de volta para a terra – correndo perigo – depois que ela fica presa na 3°dimensão, onde só aqueles de coração ruim vivem eternamente. Eles então começam uma jornada atrás do desconhecido pra que ele enfim possa fechar todos os portais e dar um fim nessa catastofre e assim libertar todos que ficaram presos. Mas o que você faria se viver no perigo fosse o único jeito de ficar perto da pessoa que ama? Se viver eternamente presa entre outro mundo fosse a única opção de ainda continuar vendo-a?... E o que você faria se você tivesse que levar para longe a única pessoa que você mais ama? Se o certo não fosse mais tão correto assim? O que eles irão escolher?




CAP.01
UMA CHANCE

Ninguém podia me ver. Ninguém! Tudo bem que eu sou péssima em passar despercebida, é mais fácil eu derrubar alguma coisa ou cair em alguma coisa. Mas eu só tinha uma chance.
Andei lentamente, com a ponta dos dedos sobre o tênis, tentando não fazer nem sequer um ruído. Mas, pensando bem, deveria ter terminado o primeiro mês de balé. Tudo bem, dou razão à minha mãe nesse quesito. Mais só nesse ponto! Pra quê uma garota introvertida e anti-social faria balé? Do que serviria? O que uma garota desengonçada, destrambelhada e sem jeito faria com balé no currículo?
– O que pensa que está fazendo, Jullyane? – paralisei. A diretora havia me pego. Fiquei totalmente imóvel. Como se isso fosse mudar o fato de eu estar de suspensão.
Me virei, afim de encará-la. Ela me olhava séria, fria, totalmente rígida.
– O que você pensa que está fazendo? – ela repetiu. Agora gelei por completo. Não consegui falar e muito menos me mover. Fiquei na dúvida entre o choque e a carga de adrenalina de uma nova experiência.
– Indo pra sala? – balbuciei, gaguejando tudo. Fiz uma careta de nervosa. Ela fez outra, ainda mais feia, e velha, só que cínica.
– Indo pra aula uma hora dessas... Jullyane, você não tem relógio em casa? Sabe que horas são? – ela falava tão rápido de fúria que na agonia mal prestei atenção no que ela dizia.
Não respondi.
– Venha cá! – ela falou, já andando pra diretoria. Nem precisa falar o resto. – Suspensão! – falou se sentando na poltrona.
– O quê? – perguntei cínica. – E-eu sei que é justo... Mas... Suspensão?... O... Que direi pros meus pais? – falei fazendo drama. Franzimos o cenho. Ela me olhava ainda mais cínica, fazendo careta.
– Oras, diga que foi suspensa. – ela falou. Parecia tão fácil ela falando.
– Mas não... – gaguejei. Ela me interrompeu, me expulsando da sala.
– Vá para casa. Não quero mais ver você aqui, Jully. Se não quiser ser suspensa de novo, – ela disse enquanto pegava uma pasta enorme e a botava à sua frente abrindo-a – é só fingir que nada aconteceu e amanhã tudo volta ao normal. – ela dizia, distante. Droga! Droga! Pensei. Sai indignada comigo mesma da sala. E tudo por que eu estava com insônia, ontem.

(N/A: ::soundtrack:: música 1) The Pretty Reckless – Just Tonight
Fiquei vagando pela rua do colégio... Ah! Ela não podia me proibir disso! E... Mesmo por que eu não ia voltar pra casa, não ia querer ter de falar sobre isso tão cedo.
Fiquei andando com o vento açoitando minha pele, meu cabelo voava sobre o cachecol, sem conseguir impedir os fios que se espalhassem sob meu rosto. Mesmo assim, com o vento forte, o cabelo solto e o cachecol enrolado num nó, continuei andando. Não queria parar e refletir. Isso sempre me magoava, e eu não podia mais fazer isso comigo. Antes, ao menos eu tinha o Deam, mas e agora? O que eu tinha? Na verdade, me sinto só, como se nem ele existisse. É como se cada vez que eu ficasse só, aquela solidão tomava o lugar dele de novo. E ela sempre foi e é muito ruim comigo. Não posso me deixar – me permitir de sequer cogitar em pensar na rua vazia que é minha vida, principalmente se eu estiver sozinha.
Nem percebi a hora, muito menos o tempo enquanto eu ficava ‘tentando não pensar em pensar na minha vida’. Já parecia tarde, já tava quase na hora de acabar a segunda aula, uma hora que eu poderia entrar escondida. Se não tivesse sido suspensa...
– Jully? – uma voz me alertou. Acabando totalmente com o momento solidão que teimava em permanecer.
– O que faz aqui... Na frente da escola? – ele parou. – Não era pra você estar... Lá dentro? – ele levantou uma sobrancelha.
– Era.. – repeti. Ele franziu o cenho, pensando no que uma maluca descabelada fazia fora da escola. Mordi o lábio pensando no que eu ia dizer, falar ou não a verdade? – Fui suspensa. – confessei.
– Suspensa? – ele disse exaltando as sobrancelhas.
– É. Também fiquei surpresa.
Tudo bem, não costumo dizer nomes, muito menos falar de certas pessoas que só me fazem confundir, justamente para não confundir mais ainda. Ele era Deam, ou melhor, uma longa historia... Não que a gente já tenha... A gente só é... Bom, é uma longa historia. Um dia quem sabe, eu conto.
– Aqui tá frio e você andando, só com um cachecol– ele parou, e depois tirou os olhos do pobre cachecol e voltou-os pra mim. – Quer morrer? – completou.
O que as pessoas têm contra cachecóis solitários? Eu gosto. O fitei e fiz algo parecido com uma careta.
– Deam, eu só... Sei lá... Tava querendo pensar e fiquei andando até dar a hora. – resumindo: não quero ir pra casa.
– Então, posso ficar com você? Quer dizer, posso te fazer companhia?– ele falou, franzindo o cenho pra mim já andando pro meu lado, meio sem jeito. Ele mordeu o lábio inferior e completou. – Eu também tô, sei lá... Pensando na vida.
Eu sorri botando instintivamente a mão na boca, tentando esconder um sorriso pra que ele não percebesse. Ele apenas andou ao meu lado de cabeça baixa, olhando a rua sem ver. Ele queria alguma coisa. Conheci (ou conhecia) ele o bastante pra saber que ele não estava ali por acaso. Alguma coisa o trouxe ali, e eu já pensava nas hipóteses. Pelo pouco tempo que éramos amigos, não que não sejamos mais... Quero dizer, pelo pouco tempo que passamos como melhores amigos, pude ver um outro lado dele que, com certeza muita gente desconhecia. Ele continuava com aquele ar de mistério, o mesmo ar que me levou a ser sua amiga. Ele não conhece ninguém da minha escola, isso é fato. Mais se ele quer alguma coisa, não viria falar comigo... Pelo menos, não diretamente. Talvez esse encontro casual tenha sido uma tática.
Meio distraída nas hipóteses, nem percebi que ele estava falando...
– Jully? – perguntou ele de cabeça baixa, dando aquele olhar por soslaio que eu amava. Balancei a cabeça.

(N/A: ::soundtrack:: música 2) The Pretty Reckless - You
– Quê? – perguntei indiferente.
Ele riu, passou a mão na nuca. Parecia nervoso. Mas quem devia estar nervosa sou eu, não você, pensei.
– Você está mesmo pensando na vida. – falou sorrindo. Retribuí o sorriso sem graça com a indireta.
Ele hesitou, antes de começar a falar de novo.
– Eu falava... Você parece distante... meio... Sei lá, diferente. – ele parou. – Por isso foi suspensa. – isso não foi uma pergunta, foi mais uma sugestão.
– Não exatamente... Cheguei atrasada. – falei com a voz rouca. Minha boca estava seca, mais por conta da ventania do que pela desidratação.
– Hmm... – ele sussurrou pensativo.
– E você... Por que está aqui? – parei de frente pra ele.
– Nossa. Você é bem direta. – ele sorriu nervoso. Eu apenas esperei.
– Bem... Eu queria te ver... Tava com saudades. – essa não parecia ser a verdade.
– Queria me ver?... Deam, fala sério. Não tenho 11 anos. Por que veio aqui? – insisti rispidamente.
– Ah... Jully, eu tava... – ele suspirou. – Bem, eu tava jogando umas coisas fora, depois da mudança e... Sei lá, eu vi umas fotos... Fiquei com saudades da nossa amizade, da sua companhia. – ele parou, pensativo. Talvez procurando as palavras certas. – Nem me lembro bem por que a gente se afastou. Sinto falta daquele tempo... Sinto falta de você. – ele parou de novo e desviou o olhar. Eu o encarei, ainda pensando no que ele falava. Cada palavra...
– Não sei o que fazer... Pra que tudo volte como era antes. Eu sei... Não é mais como era antes e nem vai ser, mas eu posso tentar, não é? – ele abaixou a cabeça, parecia derrotado pelas próprias palavras. – Jully, eu não tenho amigos, e... Você é a única pessoa que eu ainda... Que ainda me resta confiança. Não consigo falar com ninguém. – ele falou, acelerando na última palavra.
– Você veio até aqui pra dizer que sente minha falta como amiga? – interrompi surpresa.
Ele me olhou e reprimiu os lábios, pressionando um contra o outro.
– Eu vou entender se não quiser mais ser minha amiga... Mesmo porque você está na razão.
– Não! – quase gritei. Ele arregalou os olhos. – Q- quero dizer, não é isso... Eu quero... Eu também sinto falta de você, Deam. Mesmo que tudo ainda esteja tão nítido e que seja difícil esquecer, posso fazer isso... Pela nossa amizade. – gaguejei tudo antes que ele me interrompesse e eu não conseguisse mais falar.
Ele me fitou.
– Acho que... – ele parou por um longo tempo.
– O quê?
– Acho que ainda... Acho que não vim aqui só por isso... – ele falou se virando... Escondendo o rosto pra que eu não o visse. O puxei pelo braço e ele se virou, de novo, lentamente.
– Tem mais? – minha voz saiu distorcida.
– Acho que vim aqui por que não aguentei mais tentar... Não vim aqui... E, falar logo tudo... – ele parou. – Por que eu ainda gosto de... você.
Engoli em seco. Sabia que ele queria alguma coisa.
Ele me olhou sem fala e ficou nervoso. Abriu a boca mais depois a fechou. E depois me deu as costas, saindo em passos longos, mas demorados. Andei três passos e o peguei pelo cotovelo, virando com força pra mim.
– Aonde você vai?... V... Você diz isso... Assim, e depois sai?
Soltei seu cotovelo.
– Já falei o que tinha pra falar, Jully, você... Eu queria que você pensasse, não quero que responda agora... Pra não se arrepender...
– Mas eu já dei minha resposta. Você quer o que? – interrompi.
– Não quero que responda agora. Quero deixar você pensar... Se mudar de ideia, eu não vou contestar. Eu espero o tempo que você quiser...
– Para! – desta vez eu gritei. Ele parou e ficou olhando pra mim, incrédulo. – Pára de fazer drama! Eu... Eu já disse, já dei minha resposta. Já pensei, quero tentar...
Ele me fitou, me deixando constrangida pela minha raiva súbita.
Abaixou a cabeça e depois me olhou fixamente.
– Sabe que não é assim. – ele hesitou e logo depois parou. – Jully,... – ele baixou os olhos e a cabeça. Fez uma careta com a boca e depois voltou a falar olhando pra mim. Aquilo parecia muito difícil pra ele. – Se eu pudesse voltar ao tempo... E mudar tudo. Tudo o que eu fiz... A você e... – ele balançou a cabeça. – Você não faz ideia de o quanto eu me odeio pelo que fiz. – ele hesitou. Seus olhos que, naturalmente eram lindos, agora estavam atordoados.
O fitei, sem responder.
– Olha Jully... Só vim aqui pra que você pensasse e, sei lá... Quando tivesse total certeza disso, me respondesse... Mas eu sei que você nunca terá – ele parou hesitante. Ele passou a língua entre os lábios e voltou a falar gesticulando. – Porque nem eu mesmo me perdoaria. – ele falou com a voz embargada e passou rapidamente as costas da mão no olho.
Continuei o fitando sem palavras.
– Na verdade... – ele balançou a cabeça – Eu vim aqui por que não quero perder você pra uma mentira, porque eu te amo. – ele falou rápido.
Ele mordeu o lábio e depois me fitou incrédulo.
– Você não diz nada?
– Dizer o que? – perguntei. – Você já disse tudo. – completei murmurando.
Ele me fitou.
– Se um dia você me perdoar, mesmo que tenha toda certeza do mundo, eu nunca me perdoarei. – ele sussurrou.
– Quem deveria chorar e se flagelar sou eu... – falei ríspida. – Você... passou tudo pra você Deam! – acusei.
Ele arregalou os olhos.
– Tudo bem... – ele bufou. – Eu já esperava isso. – ele murmurou. – Então essa é a decisão. – ele disse num tom monótono. – Pelo menos tentei.
Ele se virou.
Tentei ir atrás mais foi inútil e minhas pernas não queriam se mover. Elas não me obedeciam, eu estava completamente paralisada.
A única coisa que consegui dizer foi um grito rouco.
– Apesar de tudo que você fez, Deam, não vale a pena jogar fora uma amizade pelo pior dos motivos! E eu... – parei.
Ele parou e se virou, de longe.
– Não quero que decida agora. – ele disse.
Eu o fitei, paralisada.
– Eu volto. – ele prometeu. – E você me dá sua resposta.
Desta vez eu estava completamente, totalmente, indefesa.

(N/A: ::soundtrack:: música 3) p!nk – Raise Your Glass.
– Tem de morango? – murmurei olhando as opções.
Ele assentiu.
– Então quero... – olhei rapidamente pra Allen e ela assentiu. – Dois! – completei olhando o senhor.
Me virei já com o sorvete na mão e Allen, do meu lado, apenas andou.
Olhei pra ela rapidamente, indiferente, tentando esconder minha curiosidade.
– Onde você estava ontem? – ela murmurou me fitando.
Continuei andando sem responder.
– Fiquei andando pela rua, do colégio. – respondi aos sussurros.
– Nem acredito que foi suspensa porque esqueceu a hora! – ela riu.
Fiz uma careta.
– É engraçado quando não se tem uma cara feia olhando pra você. – murmurei amargamente.
Ela arregalou os olhos e logo depois deu um suspiro.
– Você tá escondendo alguma coisa. – ela me encarou.
Desviei o olhar.
– O que quer que eu diga? – eu disse.
Ela fez uma careta.
– Quero que diga o que aconteceu, Jully. – ela disse bicuda.
– Então, tá. – parei hesitante. – Fiquei andando e encontrei com o Deam. –
murmurei nervosa e minha voz falhou quando disse seu nome.
Ela me fitou inexpressiva e logo depois sorriu de lado.
– Sabia que aquele nervosismo tinha algo oculto. – ela sorriu.
Andei calada até pararmos em frente ao armário.
– O que ele disse? – ela murmurou.
Fitei-a, estática. O que falaria pra ela? Que foi ele quem espalhou tudo aquilo? Que o culpado pelo vexame escolar era sua culpa? Hesitei.
– Ele veio perguntar se eu ainda era sua amiga. – falei com a voz baixa.
Ela franziu o cenho.
– Veio o que? – ela disse, arrastando a voz no que seria um coro.
– Veio me perguntar se eu queria ser sua amiga. – falei alto.
Ela ficou séria.
– Como foi? – ela parou. – Quer dizer, me conta como aconteceu. Ele perguntou o quê, exatamente? – ela indagou.
Agora realmente tinha passado do limite.
– Não teve nada demais, Allen. – murmurei. – Foi só isso. – completei.
– Vamos; Jully, sei que ele não viria aqui só pra dizer isso, você esta escondendo coisas. – ela acusou com a voz monótona.
A fitei séria. Ela tinha razão.
– Tá, vou te contar. – sussurrei derrotada.
Ela abriu um sorriso.
– Eu tava andando na rua, esperando tocar o sinal. – parei procurando algo que não desse pistas de que eu estaria mentindo. – Daí, ele apareceu do nada e ficou calado. – pus o sorvete na boca e depois de uns segundos, voltei a falar. – Ele me perguntou se eu ainda era amiga dele, e não queria que eu respondesse na hora...
– Por que ele veio perguntar isso? Vocês não são amigos? – ela franziu o cenho incrédula.
Agora era a parte de omitir.
– Porque a gente se afastou. – dei de ombros. – Também achei estranho sabe, mas não fui atrás. Aí ele falou que vai voltar pra saber minha resposta. – completei com um sorriso.
– Ainda falta coisa. – ela falou pensativa. – Essa história não se encaixa. - ela deduziu. – Você...
– Foi só isso e ponto! – a interrompi jogando o sorvete no lixo e entrando na sala.
– E o que você respondeu? – ela insistiu.
Me virei e a fitei.
– Eu disse que sim, que iria tentar de novo, mais ele quer que eu pense. – parei lembrando o que aconteceu. – Ele vai voltar e eu não sei o que dizer. – murmurei baixando a cabeça.
– Você acabou de dizer que já tinha decidido, e agora disse que não sabe o que falar? – ela perguntou incrédula.
Olhei pra ela com os olhos desnorteados e fiquei estática.
– Ele falou alguma coisa a mais, não foi? – ela deduziu de novo.
Balancei a cabeça.
– Ele não gosta de mim só como amiga. – sussurrei constrangida.

(N/A: ::soundtrack:: música 4) 3 Doors Down – Let Me Go

– Ah, Allen, você quer que eu diga o quê? – perguntei ríspida.
Ela continuou andando ao meu lado, calada.
– Tudo bem se não quiser me contar a verdade. – ela suspirou.
– Você acha mesmo que eu escondo algo? – me virei a fitando.
Ela parou.
– Acho.
Fiz uma careta.
– Então, tá. – suspirei. – Ele... – parei. – Foi ele quem fez aquela confusão toda da escola. – murmurei.
Ela arregalou os olhos e me fitou incrédula.
– Ele fez o quê? – ela disse numa voz monótona.
Passei a língua entre os lábios e suspirei.
– Foi ele quem divulgou aquelas coisas sobre todo mundo. – fiz outra careta.
Ela baixou os olhos.
– Ele quem inventou aquilo? – ela parou. – Sobre mim?
– Foi. – assenti.
O sinal tocou.
– Tenho aula de biologia, agora. – sussurrei pensativa.
Andamos em direção a escadaria principal.
De repente, estava lotado de gente, correndo em direção a ela. Andamos em silêncio, enquanto todos falavam.
Quando pus o primeiro pé na escada, olhei em volta e parei.
O que ele faz aqui?, pensei.
Ele sorriu assim que viu que eu estava olhando.
– Oi. – ele disse, se aproximando.
Em um minuto, ele já estava a quase vinte centímetros de mim.
Eu sorri.
– É bom te ver de novo. – ele murmurou enquanto olhava ao redor.
Baixei a cabeça, sabia o que aquilo significava pra ele.
Alguém passou e bateu em meu ombro, me fazendo quase cair sobre a escada.
– Ai! – murmurei fazendo uma careta enquanto passava a mão direita sobre o machucado.
– Acho que não é uma boa hora. – ele disse.
– Por que veio aqui? – perguntei me lembrando da sua última resposta a mesma pergunta.
Ele fitou o chão, sem ver.
– Porque não aguentei esperar. – ele parou já olhando pra mim. – Era muito pra mim... – ele se interrompeu.
Suspirei.
– Também senti sua falta. – disse pra mim mesma.
Ele me fitou, agora fixamente. Desviei o olhar.

Já fazia uma semana e meia desde aquela conversa.
– É ruim ter de acordar e não ver você. – ele sussurrou. – Antes, a gente se via todo dia. – ele parou. – E agora, mal dá pra vir aqui. – ele completou.
Nos fitamos.
Comprimi os lábios enquanto pensava numa resposta.
– Deam, acho que... – parei. Ele me fitou. – Não tenho certeza se posso ser sua amiga. – ele comprimiu os olhos, como se aquelas palavras tivessem sido uma facada. – Quer dizer, eu ainda gosto de você, quero ser sua amiga! – me interrompi. – Mas... – comprimi os lábios, aquilo era muito difícil de falar.
– Mas você não consegue. – ele completou, me interrompendo.
– Não! – o fitei. – É que eu... Não consigo ser sua amiga! Você... – franzi o cenho. – Você diz coisas...
– Como te amo? – ele me interrompeu. O fitei incrédula.
Abri a boca hesitante e depois a fechei.
Ele baixou a cabeça e quando me dei por conta, estávamos sozinhos na escadaria, em frente à escola.
– Digo porque é mais forte que eu! – ele cuspiu. – Quer dizer, eu não consigo controlar, quando vou ver, já falei. – ele parou. – E não consigo ficar perto de você, sem me concentrar... – ele se interrompeu balançando a cabeça. – Não devia ter dito isso. – ele sussurrou quase pra si mesmo.
Franzi o cenho.
– Se você pudesse ao menos não me lembrar a cada cinco minutos que não
gosta de mim apenas como amiga, eu acho que poderia até tentar.
Franzi o cenho, me reprovando.
– Desculpa. – o fitei. Ele estava de cabeça baixa enquanto eu o olhava, aturdida.
Ele parou e voltou os olhos pra mim de novo.
Depois de alguns minutos, ele se moveu e sorriu.
Quando percebi, estava quase inclinado, tão perto que comecei a sentir sua respiração.
Ele me olhava fixamente, e então por instinto, recuei.
Ele me fitou incrédulo e eu fiquei sem reação.
– N... – murmurei.
Ele havia me beijado, tão rápido que quando percebi, ele já estava em mim. O empurrei com toda a força que pude e dei um passo pra trás.
Quando me dei, estava no chão com a perna ralada.
– Droga! – murmurei.
Ele me fitou calado e só depois que olhei que ele falou.
– Desculpa, Jully. – ele sussurrou envergonhado. – Você não sabe como é difícil...
– Deam, já ouvi demais por hoje, não acha? – me levantei e o encarei séria.
Me virei e ele ficou parado, com o olhar e o rosto incrédulos.

(N/A: ::soundtrack:: música 5) Vanessa Carlton – Ordinary Day

A minha perna sangrava e o vento frio e gelado me fazia tremer.
Continuei andando pelo corredor até chegar em frente à sala.
Acenei pelo vidro e depois de três tentativas inúteis, Allen olhou. Ela sorriu e logo depois ficou séria.
– Vem pra cá! – falei lentamente com os lábios enquanto ela se levantava.
Me encostei na parede afim de esperá-la.
– Tá maluca? Quer ser expulsa? – ela sussurrou.
Virei e a fitei.
– Allen, preciso que pegue minhas coisas. – eu disse.
Ela franziu o cenho.
– Você vai matar aula, hoje? – ela arregalou os olhos. – O que aconteceu? Por que...
– Vou embora, me machuquei. – olhei pra ferida na perna esquerda, o sangue rolava enquanto eu estava ficando com dor de cabeça. Ela acompanhou meu olhar e arregalou os olhos ao ver o sangue.
– O que aconteceu? – ela murmurou.
– Caí.
Ela fez uma careta.
– Sei que você caiu. – ela parou. – Mas como? – ela completou.
– Tropecei na escadaria e rasguei minha perna na quina. – expliquei.
Ela olhou novamente o machucado.
– Foi antes ou depois que ele saiu? – ela indagou.
Suspirei.
– Foi depois. – respondi.
– O que ele fez? – ela me olhou levantando uma sobrancelha sugestiva. Franzi o cenho pra ela, em resposta.
– Nada! – suspirei. – Allen, vai logo antes que eu desmaie!
Ela assentiu e correu pela porta.
Vinte minutos depois ela saiu com minha mochila na mão e me entregou.
– Vai ficar bem? – ela murmurou.
– Vou – assenti.
– Me manda uma mensagem quando chegar. – ela falou, enquanto olhava pro sangue.
– Para de olhar, você me deixa nervosa. – franzi o cenho.
– Tá, desculpa. – ela riu.
Fiz uma careta.
– Tenho que ir pra casa. – suspirei.
– Você não vai falar com a diretora? – ela murmurou.
– Não. Ela me levaria pra emergência e me obrigaria a ver as aulas. – fiz uma careta.
– Digo pra professora que você veio mas se machucou e foi pra casa.
Assenti, fazendo caretas. Começara a doer muito.
– Tchau. – sorri.

(N/A: ::soundtrack:: música 6) 30 Seconds to Mars – Closer To The Edge
– Cheguei! – disse, abrindo a porta num átimo.
Ouvi um barulho e corri pra escada.
– Jully? – ela perguntou.
Ouvi outro barulho e o silêncio tomou conta.
Fechei a porta lentamente, não querendo fazer nem um ruído.
– Ufa! – suspirei e depois bufei.

***


Estava decidido. Ou falava tudo logo ou ele me interrompia e me mandaria embora.
– Mestre? – murmurei entrando no salão. Vasculhei a sala e não via
ninguém. Não via nada.
– Kellan! – ele bufou e revirou os olhos. Fiz uma careta pra sua expressão.
– Quero descer! – murmurei o fitando.
Ele me fitou inexpressivo e carrancudo.
– Você o quê? – ele repetiu.
Parei em frente a seu trono e o fitei.
– Quero descer. – ordenei.
Ele suspirou e sorriu de lado.
– É por isso que não deixamos jovens cuidarem de pessoas! Eles sempre fazem isso! – ele falava olhando o nada.
Fiz um bico.
Ele parou me olhando.
– Kellan, faça o favor de voltar ao seu trabalho, por favor. – ele sussurrou.
O fitei incrédulo. Ele não poderia ignorar meu desejo. Eu tinha escolhas!
– Estou decidido, quero descer! – repeti impaciente.
Ele passou a língua sobre os lábios.
– O que você vai fazer lá que não pode fazer aqui? – ele murmurou, desta vez inclinado para mim.
– Não posso deixá-la cair naquele buraco...
– Você não pode intervir! – ele me interrompeu soberano.
– Sei que não posso Mestre, mas vou tentar desviá-la. – parei. – Ela não pode cair lá! – eu disse quase gritando.
– O que eu tava com a cabeça quando pus você tomando conta de uma garota de 16 anos? – ele sussurrou para si.
Agora ele me fitava, com o queixo trincado.
Se inclinou para mim e me fitou.
– Veja bem, Kellan! – ele parou. – Você sabe muito bem o que não pode fazer e as consequências dessa decisão. Sei que você não está pronto, mas se é o que quer... – ele deu de ombros.
Assenti sorrindo por vencido.
Andei em direção a porta e quando estava quase dobrando a coluna, ele me chamou.
– Kellan! – ele chamou.
Me virei o encarando.
– Sim? – sussurrei.
O salão era enorme, principalmente os dos Mestres. Eram totalmente marmorizados, de um branco velho. Era de um lindo mudo. Vazios, todos eram assim: colunas, tronos e... Nada! Sempre perguntava para meu Mestre
o porque deles serem vazios, mas ele nunca me disse de fato o porquê. Sempre dizia que antigamente, tinha festas e mais festas. Mas hoje, eram apenas salões vazios.
O fitei inexpressivo, esperando.
– Sabe das consequências dos seus atos! – ele me lembrou. – Sabe o que vai acontecer, caso mude ou faça alguma coisa para impedi-la. – ele parou.
Assenti devagar.
– Sei de tudo isso, Mestre.
Ele se recostou na cadeira acolchoada.
– Se você intervir, tanto ela como você, principalmente ela, sofrerá as consequências. – ele murmurou fechando os olhos.
– Não a impedirei, mas tentarei. – prometi.
Ele me fitou sério.
– Você será banido se ultrapassar seus limites! – ele me acusou. – És um anjo, não um Deus. E ela... – ele parou. – Terá sua vida mudada, tudo mudado! E nunca mais se lembrará de você. – ele completou.
Baixei os olhos.
– Boa sorte. – ele murmurou sorrindo.
– Obrigado. – franzi o lábio inferior e lhe dei as costas.

***


– Sabe que não pode faltar. – ela disse séria.
Fiz uma careta de cabeça baixa.
– Não posso ir. – murmurei.
– Está fugindo do quê, Jully? – ela disse agora me fitando.
Levantei a cabeça, a olhando de cima.
– Fugindo? – repeti.
– Parece fugir de alguém. – ela murmurou, franzindo o cenho.
– Pareço? – perguntei.
– Oras, eu que lhe pergunto! – ela parou. – Responda, não pergunte. – ela reclamou.
Revirei os olhos.
– Mãe, não é isso... – sussurrei, numa tentativa desastrosa.
– Então o quê? – ela parou. Hesitou e completou. – Me diga o que é.
Franzi o cenho, nervosa. O que eu diria?
– Não quero ir, não sei por que, mas não quero. – expliquei.
Ela me fitou por uns minutos.
– Se não tem motivo óbvio, então não tem porque não ir. – ela disse, dando o caso por encerrado.

– Ela te obrigou a vir? – ela franziu o cenho.
– Foi. – passei a língua entre os lábios.
– Você tá fugindo. –ela refletiu me olhando.
– Fugindo? – parei fazendo uma careta. – Do quê?
– Dele. – ela sussurrou.
Baixei a cabeça. Ela tinha razão. Como sempre.
– Sei que não sabe o que falar, então diga o que você sente e pronto! – ela disse, olhando o jardim.
– Allen, parece tão fácil, você dizendo... – refleti.
– Porque é. – ela me interrompeu.
Balancei a cabeça e me levantei.
– Ainda não tocou. – ela lembrou.
– Eu sei. – sussurrei.
– Então vai pra onde? – ela ergueu uma sobrancelha.
– Não sei.
Balancei a cabeça de novo.
– Não posso vê-lo de novo. – expliquei lentamente. – Tenho que fugir antes da última aula, Allen. – baixei a cabeça. – Ele vai voltar e eu não tenho sua resposta. – eu disse.
– Você não tem culpa! – ela replicou. – Uma decisão é muito difícil de ser tomada. – ela continuou.
– Ele me beijou. – eu cuspi.
Ela parou, estática.

(N/A: ::soundtrack:: música 7) 3 Days Grace – Never Too Late

***


– O que está pensando em fazer? – ele disse, pondo as mãos entre as pernas.
– Ainda não sei. – respondi.
– Você vai descer lá, cara – ele me lembrou. – E nem sabe o que fazer! – ele fez uma careta, como se o problema fosse dele.
– Tenho que ter um disfarce.
– Estudante? – ele sugeriu.
Balancei a cabeça.
– Um nome, casa... – parei, pensativo.
– Precisa fazer amigos úteis, lá. – ele murmurou.
– Tem razão. – suspirei. – Tenho pouco tempo, não posso deixar passar nada! – cocei a testa.
– O que pensa em fazer? – ele parou. – Usar seu nome?
– Não tem por que mudar isso. Acho que sim. – assenti.
Baixei pegando a alça da mochila e dei as costas.
– Vou atrás das fadas. – bufei.
As fadas eram os seres mais perigosos do mundo. Elas usavam seu desejo contra você mesmo. Atendiam seu pedido ao pé da letra. Se errar uma só palavra, poderá cair em seu próprio sonho.
Eram muito perigosas, pensei entrando no vale.
– Preciso de casa, dinheiro, carro e disfarce. – falei fitando a margem do rio, parando em frente ao vale.
– De que disfarce precisa? – uma voz doce e aveludada, tão doce que fechei os olhos para não viciar; murmurou ,tomando conta do silêncio.
Balancei a cabeça.
– Estudante. – respondi.
– O que nos oferece? – ela perguntou.
– Flores. – sorri. Flores eram seu ponto fraco. Oferecendo flores a uma fada, você teria o que quisesse. Ficaria devendo uma ao Mestre.
Abri os olhos.
Ela era bem pequenina, a sua luz, tão forte que nos assustava. Não se via nada além de um feixe se movendo dentro da luz. Fechei os olhos. Aquilo doía.
– Flores? – ela sussurrou, agora em meu ouvido. Ela sorriu, pude ouvir o murmúrio de sua risada contida.
– Flores a uma fada. – sorri.
– Terá o que queres assim que passar pelo portal. – ela sussurrou sorrindo, depois de algum tempo.

Andei lentamente, pensando em seu rosto. De repente, me peguei sorrindo. O que estava acontecendo comigo? O que deu em mim? A verdade é que nem eu fazia ideia. Seu rosto era tão doce. Tão... Impossível de se esquecer, um segundo sequer.
– Conseguiu? – ele se levantou.
– Não sabia que flores seriam meu passe para a Terra. – disse sorrindo.
Ele sorriu em seguida.
– E agora? O que vai fazer? – ele me fitou de baixo.
– Estou pensando em tudo. Ainda faltam alguns detalhes... – parei franzindo o cenho.
– Que foi?
– Droga! – murmurei.
– O quê? – ele franziu o cenho.
Hesitei e balancei a cabeça.
– Não dará tempo! – parei. – Não vai dar tempo! – falei.
– Viu alguma coisa?
– Daqui a duas semanas... – parei pensando. – Ela vai entrar naquele bendito portal daqui a duas semanas! – levantei minha voz.
Adam arregalou os olhos.
– Não vai dar tempo. – ele repetiu.
– O que vou fazer agora? – fiz uma careta.
Pus as mãos na cabeça. Tudo foi por água abaixo.
– Calma! Tem que ter um jeito. – ele gesticulou.
– Adam, não tem jeito nenhum! – fiz uma careta. – Não posso fazer nada! Mais nada! – gesticulei fracassado. – Não posso me tornar um grande amigo daqui a duas semanas! Ela não confiaria em um cara que conheceu a uma semana! – ele franziu o cenho.
– Poderia falar com seu Mestre...
– Ele não pode mudar nada. – baixei a cabeça suspirando.
– Ainda pode descer. – ele murmurou.
O fitei, pensativo.
– Posso. – parei – E vou.

(N/A: ::soundtrack:: música 8) Taylor Swift – Back To December

***

– Ei! – alguém gritou atrás de mim.
– Espere, vai aonde com tanta pressa? – ele sorriu assim que me virou.
O fitei. Se chegasse a escola mais uma vez atrasada, seria suspensa de novo.
– Escola. – bufei.
– Pensei que... – ele parou, franzindo o cenho. – Você estava fugindo de mim. – ele completou, sussurrando.
Parei.
– Fugindo?– repeti.
– Não é nada, só que...
– Só que? – repeti nervosamente sem paciência.
Ele balançou a cabeça suspirando.
– Você não sabe o que falar não é? – ele me fitou. – Por isso está fugindo.
– Não estou fugindo.
– Jully, me diz o que fazer então, porque eu não sei. – ele me fitava, com uma cara cruelmente triste.
– Também não sei.
Ele se virou, andando de um lado pro outro.
– O que... – ele falou passando a língua nos lábios e parando.
Em um minuto, Deam estava a centímetros do meu rosto.
– Você achou daquele dia? –ele sussurrou, soprando gelado em minha pele.
– Ah... – gaguejei. – E-eu... – vacilei ao tentar falar.
Ele sorriu e antes que pudesse me beijar, pus a mão em seu rosto, procurando sua boca e a afastei o máximo que pude, afastando ele pra trás, ainda de olhos fechados.
Ele fechou a cara de um sorriso, para uma incredulidade sem expressão.
Ele baixou a cabeça e se afastou, deixando minha mão cair no vento.
– Acho que já sei a resposta. – ele murmurou, embargadamente saindo.




TODOS OS CRÉDITOS A FANFIC ADDICTION E À ESCRITORA JULIANA DUARTE.






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