sábado, 1 de outubro de 2011

Angel - Fanfic - 2º Capítulo

O segundo capítulo  dessa incrível história.






CAP.02
NO END

That the lump
Takes a home in your throat
With the words that you're
Choking as you try
Automatic Loveletter – Can’t Move On
(N/A: ::soundtrack:: música 1) Taylor Swift – Tim McGraw
– Como foi? Como foi? – ela murmurou histérica enquanto eu tentava passar para a sala.
– Prefiro não falar disso. – murmurei baixando a cabeça.
Ela me encarou, perplexa.
– O que aconteceu Jully? – ela me fitou.
Fiz uma careta, a dor só aumentava, e a vontade de cair nela era maior ainda.
– Nada. – franzi o cenho. – Ele apenas não quer mais ser meu amigo.
Ela arregalou os olhos.
– Fala o que aconteceu...
– Não quero falar disso, está bem Allen? – disse uns tons acima do normal.
Ela parou ao lado do sofá, esperando eu passar, incrédula.
– Tudo bem, me liga quando estiver a fim.
Logo depois ouvi o som da porta bater.
Estava sozinha novamente, como sempre. Sozinha.

***
(N/A: ::soundtrack:: música 2) Demi Lovato – Gift on a Friend
– Oi! – ela sorriu.
– Oi! – assenti, franzindo o cenho.
– Você é novato aqui, não é? – ela parou, me encarando. – Kellan McLiy?
– Não. – sorri. – Kellan McLye. – corrigi com um sorriso.
– Tome. – ela me entregou uma pasta. – São seus documentos. Passe na secretaria e pegue seu horário e material, e não se esqueça de falar com a coordenadora, ela vai tratar do resto.
Abri a pasta e milhares de papéis voaram, como num circulo, todos se espalharam pelo corredor, me fazendo virar por completo, até que todas elas estivessem voando ao meu redor.
Fui atrás de cada uma e percebi que o corredor estava vazio.
– Você não pode fazer isso durante o toque. – ela riu. Parei, estático. Ela rolou os olhos até que franziu o cenho para mim. – Que? – Balancei a cabeça. Me abaixei na esperança de recuperar as últimas folhas. – Novato. – ela repetiu.
Subi e ela pôs a folha na minha frente.
– Valeu. – sorri.
– Você é mais atrapalhado que eu.
– Foi o vento. – Ela assentiu. – Kellan. – murmurei. – Meu nome é Kellan.
Ela sorriu, baixando a cabeça.
– A gente se vê Kellan. – ela se virou, sem dizer o nome.
– Tchau... Jully. – sorri. Sem que ela pudesse me ouvir.
Peguei as ultimas folhas e guardei na pasta.
“E ai?”
“Adam?”
, pensei. Ele falava comigo por meio da mente. Era como uma espécie de rádio dentro da própria cabeça.
“Já falou com ela?”
“Ela acabou de sair, conheci ela agora.”
“E?”
“E? Adam, ela nem sabe quem eu sou.”
“O que aconteceu?”
“Foi um fracasso, ela me acha um idiota.”
“O que? Você deu um ataque de risos na frente dela?”
“Ah... Foi o vento que soprou várias folhas e me fizeram de babaca.”
“Deve ter sido engraçado.”

– Ei! – alguém me bateu no ombro. Me virei.
Ela balançava a cabeça, sem entender.
– Eu to meio sonolento, mal dormi.
– Hmm... Você chegou hoje, né? – ela sugeriu com uma cara suspeita.
– Não, ontem. Cheguei de madrugada.
Ela fez uma careta.
– A diretora me pediu para te entregar isso. – ela me deu uma ficha de inscrição para esportes.
– Vou ter que fazer tudo isso? – arregalei os olhos ao ver a lista de esportes.
Ela riu.
– Lógico que não né. Você vai escolher um e atrás vai marcar o que escolheu.
– Prazer. – reprimi os lábios pondo uma mão a sua frente.
– Prazer Kellan. – ela riu ironicamente.
A fitei esperando que dissesse seu nome.
– Lizzie. – ela soltou minha mão.
Quase achei que fosse costume não dizer o nome.
– Sou do segundo ano.
– Segundo? Faço o primeiro! – franzi o cenho. – Você não parece mais velha que eu.
– E não sou. Sou adiantada. – ela falou séria. – Entrei na escola um ano mais cedo.
Fiz bico enquanto pensava em como faria para estudar como os humanos.
– Então...
– Te vejo por ai.
– Tchau.
“Já conheceu outra garota...”
“Adam, você não pode entrar assim na minha cabeça.”
“Ah cara, foi mal.”
“Será que posso mandar na minha mente?”
“Tá, me chama quando quiser falar.”

(N/A: ::soundtrack:: música 3) Emily Osment – Let’s be Friends
Era incrível, tudo que olhava me fazia lembrar do que fiz. Sei que deveria falar, dar explicação, mas isso não seria eu. Não seria eu falando, pensando, nem agindo. E ficar parada não faria nada mudar, eu teria que fazer alguma coisa. Mas o quê?
Abri a porta e pus os livros e caderno dentro. Fechei.
– Ah! – gemi de susto. Fechei os olhos e suspirei. Era Allen tentando me matar de susto.
Ela sorriu enquanto eu me virava e começava a suspirar.
– Você é especialista em dar sustos! – murmurei, com uma mão no peito.
Ela riu, mas parecia nervosa. Desviava o olhar e passava a mão no cabelo.
Algo tinha acontecido.
– Fala. – disse por fim encontrando seu olhar.
Allen baixou a cabeça e tentou não me olhar mais, enquanto andávamos em direção a aula interminável de geografia.
– Dei seu celular para o Deam.
Engoli em seco com a última palavra.
– Você o que? – indaguei com a voz alterada.
– Desculpa... Olha, eu sei. Sei que não deveria ter feito, nem dito nada...
– Espera! – a interrompi. Franzi o cenho para ela e esperei até que ela estivesse olhando. – O que você fez Al? – a fitei, com a cara totalmente fechada.
Ela pôs os dedos fechados numa chave enquanto começava a falar.
– Eu estava andando normal pela sua rua, daí ele apareceu do nada e me obrigou a responder umas coisas.
– Que coisas?
– Ai que está Jully! Mil desculpas, eu juro, não queria ter falado nada. Sério! Não queria ter feito nada, mas ele me prendeu e não me deixou sair enquanto eu não falasse.
– Mas falasse o que?
– Ele pediu seu número e perguntou – ela parou pensativa, enquanto numerava. – Se você estava fugindo dele, se iria ignorar-lo, se estava zangada pelo beijo. – ela me olhou fixamente enquanto pronunciou a última palavra. E me fitou, esperando.
Hesitei e antes que eu pudesse falar, ela me tomou a palavra.
– Tudo bem você não ter me contado. Deve ter tido suas razões. Olha Jully, não sei se deveria falar, porque não sei se isso vai interferir, mas queria que você soubesse do mesmo jeito. – ela parou, respirou fundo e soltou. – Ele falou que vai voltar. Que vai tentar de qualquer jeito.Ele falou do mesmo jeito. – ela me olhou. Estava estática enquanto absolvia tudo. – Ele me perguntou como melhor amiga o que eu achava. Não soube o que dizer e falei que não sabia o que dizer para ele.
– Não parece ser o Deam que eu conheço. Parece estar falando de outra – minha voz se perdeu. – pessoa...
(N/A: ::soundtrack:: música 4) Jesse McCartney – Just so you Know
– E então sua mãe te mandou para cá. Certo? – ela levantou uma sobrancelha esperançosa.
– Mas ou menos. – sorri de soslaio.
Ela suspirou.
– Uma vez... – ela balançou a cabeça. – Tudo bem, foram mais de uma vez.
– O que?
– Meus pais me mandaram para a casa da minha tia nas férias. – ela bufou. – Nunca gostei muito. Mas eu ia mesmo assim. Na verdade, ela nunca foi legal, sempre muito antiga, sei lá. – ela deu de ombros.
A fitei por uns minutos e voltei minha vista para o nada.
– E como era? – soltei, depois de um tempo. – Digo, ficar lá, na casa dela? – pigarreei disfarçando meu nervosismo.
– Ah... – ela bufou. – Era legal, quando eu era criança, mais nova. Até verão retrasado eu ainda ia, gostava. Mas acho que já perdeu a graça. – ela sorriu irônica. – Quer saber Kellan? – ela me olhou fixamente, parando. – Todo mundo me joga. Sempre. Meus pais, todo mundo. Ninguém gosta de mim por perto e mesmo com todos esses anos, ainda não sei por quê. – ela parou.
Pensei em como deveria ser difícil para ela, e ainda falar.
– Não precisa falar se não quiser...
– Não, não. Tudo bem. – ela assentiu.
– Deve ser difícil para você.
– Já foi, não é mais.
A fitei, franzindo o cenho.
– Depois de um tempo, a gente se acostuma. – ela pensou por um tempo. – Sabe, depois de um tempo, ninguém mais sente sua falta.
– Eu sinto. - Ela baixou a cabeça. – Você não deveria ver as coisas dessa forma. Não é assim Lizz.
Quando virei meu olhar, Jully acabara de passar.
A olhei indo embora e fiz uma careta.
– Você gosta dela. – ela sorriu.
Arregalei os olhos.
– Quem?
– Você. – ela parou. – Dela.
– Hã?
– Admita, você gosta dela Kellan.
– Jully? – apontei. – Eu não gosto dela! – respondi rígido.
– Pelo menos não quer admitir. É o que você quer, não o que sente.
– O que está querendo dizer? – a fuzilei.
– O que você não tem coragem para dizer para ela.
– Lizzie! Você não pode sair dizendo essas coisas, não gosto dela. Alguma vez já falei? Não sabe o que eu sinto.
– Da para ver em seus olhos. – ela pensou. – Na forma como olha para ela...
– Não tenho que ouvir isso. – me levantei.
Resmunguei algumas palavras e fui em direção aos corredores.
– Ei, espere! – ela correu, tentando me alcançar. – Ficou chateado com o que eu disse? – ela me olhou frustrada enquanto tentava se manter ao meu lado. Continuei andando, em passos rápidos e longos. – Vai me ignorar? Então, pois bem. – ela parou, e eu a fitei. – Deve ser porque eu deva ter razão. – ela se virou me deixando parado.
(N/A: ::soundtrack:: música 5) James Morrison – You Give Me
– Humf! – bufei.
– O que aconteceu? – ela baixou a cabeça, buscando meu olhar.
A olhei, assustado.
– Nada. – respondi.
Ela fez uma careta, me reprovando.
– Não parece. Vamos... – ela me deu um murrinho no ombro. – Me conte.
Fitei o chão por uns segundos.
– Parece que não gostam de mim aqui. – franzi os lábios.
Ela franziu o cenho.
– Que? Não gostam de você? – ela pensou. – Quem não gosta de você?
– Ah. Muita gente...
– Não deve dar atenção a essas pessoas Kellan. – ela disse séria.
Comecei a andar, já saindo do imenso corredor.
– Acho que eu deveria sair, ir embora, desistir. – baixei a cabeça. – As únicas pessoas que falavam e que gostavam de mim, não querem mais me ver.
– Ah, qual é Kell. Você tem que parar de se cobrar tanto. – ela suspirou. – Tem que olhar para as pessoas que gostam de você. Olhe ao redor, várias pessoas te adoram. – ela sorriu torto. – Bem, eu gosto de você. - Sorri. – Olha! Um sorriso. – ela riu, me fazendo abrir mais ainda o que seria apenas um riso abafado.
A olhei.
– Obrigado. – prendi seus olhos nos meus. – Agora até me sinto melhor.
Descemos os últimos degraus da escadaria e ela olhou ao redor.
– Vai para que lado? – ela parou frente a mim.
– Vou para... – dei uma rodada com os olhos nos três caminhos, ainda pensando. – Direita. – respondi, balançando a cabeça.
Ela riu.
– Ainda não sabe o caminho de cabeça? – ela franziu o cenho ironizando.
Fiz beicinho.
– Hã... Não. – sorri constrangido.
– Então eu te ensino.
(N/A: ::soundtrack:: música 6) One Republic – Say (All I Nedd) 
– Ah, então você era o largado da turma? Coitadinho. – ela disse entre gargalhadas.
A olhei por um minuto, rindo e me peguei sorrindo também.
– E você? A disputada ou a tímida?
– Ah... – ela suspirou. – Acho que nunca fui nenhuma das duas. Sou o que chamam de ‘meio-termo’ – ela riu significantemente.
– O que seria o ‘meio-termo’? – indaguei.
– Acho que quando não se é nenhuma das duas. – nós rimos.
– Bem. – ela começou franzindo o cenho. – Você ainda não me contou como chegou aqui, de onde veio...
– Connecticut. – respondi, a interrompendo de imediato.
Ela ergueu um olhar suspeito.
– Nossa! Veio de longe, não parece. – ela disse surpresa.
– Deve ser por isso que ainda não me entrosei. – fiz uma careta.
– Amanhã te apresento a Allen. – ela sorriu delicadamente.
– Olha... – me interrompi. Parei de frente a ela e ainda fitava o lugar. – Não sei o porquê está fazendo tudo isso. E agradeço muito, sério Jully. Mas ainda não entendi porque quer ser minha amiga tendo tanta gente indiferente comigo. – suspirei.
– Também não sei.
– Talvez só esteja com pena do novato...
– Não, não, o que é isso Kellan! Nunca faria isso com você. – ela se exaltou. – Só acho que... – ela parou, com a voz falhando.
– Que devo ajudar porque você não consegue fazer amigos. – sussurrei, lendo seu pensamento.
– Não quero ser sua amiga por pena, e é isso que você não quer aceitar. – ela falou, me reprovando.
Olhei para cima e ela estava me encarando quando alcancei seu olhar.
– Ouvi o que disse.
Desviei o olhar.
– Vou por aqui. – ela apontou com a cabeça para a direção contrária e esperou, ainda me encarando.
– Desculpa. – murmurei. – Acho que me chutam tanto que quando vem alguém, eu recuo.
– Tudo bem. – ela sorriu fraco.
– Não, não está. As pessoas não gostam de mim, mal falam comigo e quase não tenho amigos. Daí, quando vem uma garota ser diferente, eu estrago tudo.
Ela pôs a mão no meu ombro.
– Relaxa. É normal, comigo era assim. Eu era assim. – ela bufou. – Sempre que vem alguém especial, você recua e a ignora, achando que ela é igual a todos os outros ou que não está falando sério. Quando você percebe, está sozinho de novo, e a pessoa que queria sua amizade, passa por você como se nunca tivesse havido nada. – ela sussurrou com falhas, fitando fixamente o chão.
Ela me olhou.
– Já passou por isso. – afirmei.
– Já. – ela disse suspirando. – Bem, tenho que ir, ta? – ela riu. – Depois nos falamos, tchau. – disse acenando.
Acenei sorrindo.

***
(N/A: ::soundtrack:: música 7) Jonas Brothers – Gotta Find You
Dois dias...
O céu aparentava estar nublado, mas o frio era cortante. Uma leve neblina caia no final da tarde e enquanto não parou, não pude sair.
Levantei a fim de ver se pela janela dava para ver o final da rua.
Fiquei observando distraída enquanto me lembrei de sexta. Sorri.
Onde será que ele andava? Pelo menos eu sabia que ele morava no final da rua, na esquina com a Sidney Street.
– Pensamento longe... – ela sussurrou. Paralisei de susto.
Me virei e a olhei por um minuto e voltei meu olhar a janela.
– Tudo bem, se está pensando em sair, pode ir. Mas nunca é bom sair com esse tempo, sempre escurece mais cedo. – ela replicou.
Suspirei me dando por vencida e soltei a cortina, que caiu num movimento leve sobre a janela, fazendo um leve vento surgir.
– Se eu decidir, se eu for sair. – me atrapalhei nas palavras e bufei, parando. –Vou apenas ao final da rua, não pretendo ir para longe.
– Se for a algum lugar, vá cedo. – ela sorriu espontaneamente.
Assenti.
Ela se virou e antes que fechasse a porta, voltou com uma hesitação evidente.
– Vai aonde? – ela franziu o cenho.
– Vou à casa de um amigo na esquina da Sidney Street. – murmurei.
– Hmm. – ela grunhiu. – Se é aqui na esquina, não precisa se preocupar. Mas volte cedo, sim?! – ela fechou a porta lentamente.
Peguei meu celular em cima da cômoda, ao lado da cama e fui à janela novamente. Olhando a neblina começando a ceder às nuvens, que temiam aparecer, disquei o número da Allen. Esperei; três toques e caiu na caixa postal. Desliguei com alguns xingamentos e o joguei na cama.
– Mãe! – gritei. – Mãe, cadê você?
Ela apareceu na sacada do escritório.
– Aqui! – ela acenou, enquanto eu descia as escadas.
– Mãe. – falei ofegante. Desci as escadas e só enfim falei. – Vou sair tá? Volto cedo, vou só dar um oi e volto.
– Tchau. – ela disse olhando de uma sacola para mim. – Volte logo Jully! – ela sorriu.

***
(N/A: ::soundtrack:: música 8) McFLY – The Heart Never Lies
– O que pensa que está fazendo? – o homem me fitou.
– Ham... – gaguejei. – Nada, só estou tentando recolocar as garrafas no lugar.
Ele franziu o cenho, desconfiado.
– Hm. E pensa que vai conseguir as pondo assim? – ele fez uma careta sarcástica. O velho grisalho se agachou e empilhou profissionalmente algumas garrafas. Arregalei os olhos. – É assim que se faz. – ele sorriu. – Não se deve botar no meio, tem que começar pelo lado.
Olhei para a pilha de garrafas e fiz uma careta de surpresa.
– Já trabalhou com isso. – confirmei.
– Fui vendedor por muitos anos. – ele disse de cima.
– Oi.
Tremi.
Virei o rosto a fim de vê-la, mas antes que pudesse ver alguma coisa, um estrondo inundou toda a minha consciência e junto dela meus ouvidos.
O susto foi inaudível a todos. Derrubei todas as garrafas assim que meu braço encostou-se à base.
– Droga! – murmurei chateado.
Ela conteve um riso.
– Você é sempre assim? – ela perguntou irônica.
– Acho que sim. – reprimi os lábios.
Firmei as últimas garrafas e sorri de lado. Ela sorriu cúmplice. Levantamos e ficamos fitando as garrafas solidas.
– Então... – ela suspirou. – Está trabalhando aqui?
Virei-me para ela, que estava um pouco atrás de mim, à minha direita. Olhei-a enquanto fitava as latas.
– Quem me dera. – bufei e sorri amarelo.
Ela pareceu franzir o cenho.
– E então...
– Não, derrubei uma garrafa e tive que arrumar. Bem que eu queria trabalhar aqui. – fiz uma careta.
– Hum.
Peguei uma sacola e continuei a andar.
– Como me encontrou aqui?
– Fui à sua casa. – ela parou. O silêncio pareceu uma dúvida. – Sua mãe... – ela gaguejou, tentando explicar.
– Ah, já entendi. – sorri a confortando.
Passamos pela porta de vidro e antes que a ventania de fora nos pegasse ela puxou o casaco velho e, sem me dar conta, fiquei olhando sem que ela percebesse.
– Você não fala muito sobre sua vida... – ela começou.
O frio me pegou e eu já estava tremendo quando me dei conta.
Ela riu.
– Que coisa, está muito frio! – fiz uma careta, tremendo. Ela riu de novo. – Adoro quando você sorri... – sussurrei, pensando alto.
Olhei firmemente para frente, paralisado. Tinha acabado de pensar alto.
Ela riu novamente.
– Não consigo ficar um minuto sequer perto de você sem rir de algo. – ela riu de novo.
– Você sempre ri assim? – disse andando pela rua até minha casa.
Começara a escurecer rápido.
– Assim, quer dizer, muito? – ela me olhou de baixo e franziu o cenho, ainda rindo.
– É, acho.
– Acho que sim, com você sempre. – ela sorriu de lado. Depois de uns minutos balancei a cabeça. – Acho que a gente deveria falar mais sobre a vida, está começando a ficar meloso isso. – ela fez uma careta irônica.
Eu ri.
– É. – soltei com um suspiro. – Se você chama clima de meloso, tudo bem...
– Ah... – ela gemeu, abrindo a boca. – Então você acha isso? – ela esperou e então me deu um murrinho no ombro.
Eu ri.
– Não... – gaguejei entre gargalhadas.
– Mas foi o que você pensou!
– Ah! Você pensou também.
– Talvez. – dei um murrinho nela.
Voltamos a andar lentamente, sem mais rir.
– Acho que quando disse que deveríamos falar da vida, quis dizer para você me contar sobre você. – ela sorriu.
Suspirei.
– De mim? – me surpreendi.
– Sim, é, você. Claro. Por que? – ela disse rápido.
– Ah... – gemi. – Nada. Acho que eu não tenho nada de muito legal para falar.
– Ah, qual é, você tem sim! – ela fez um gesto de legal.
– Hum... lá no... Onde eu morava tinha muitos amigos, acho que sinto falta deles... – pensei.
– Hum. Você não está feliz agora?
Parei e me virei, ficando de frente para ela.
– Agora? – perguntei. – Ela assentiu. – Agora, agora? – repeti.
– É. – ela fez uma careta.
– Agora mesmo eu estou. – sorri.
– Por que?
– Porque...
– Hum? – ela procurou meus olhos. Desviei de novo.
– Nada. – sorri, pondo as mãos no bolso.
– Nada, hum, sei. Fala. – ela murmurou.
– Acho que você não gostaria de saber... – reprimi os lábios.
– Mas eu quero saber. – ela parou. – Fala logo Kellan, para de suspense!
– Porque você está aqui. – a fitei.
Ela me encarou.





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