terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu, a vampira-SEGUNDO CAPITULO



Sentada já na minha poltrona, incutida com os meus pensamentos, nem reparei que a menina que se sentou ao meu lado era a do dedo cortado.
   – Como você correu tão rápido? – Disse àquela voz que já me soava familiar quando eu quase gritei de susto.
   Não respondi. Fingi que estava dormindo.
   – Moça? Você está bem? – Continuava fingindo que estava dormindo – Talvez ela tenha morrido. Mas será que vampiros morrem?
   Quase pulei da cadeira ao ouvir isso.
   – Anh? O que você disse?
   – Eu só me perguntei se vampiros morrem – Ela respondeu, enquanto eu a fitava surpresa. – O que foi? Ontem eu vi um filme que tinha um vampiro e ele era igual a você. Não tinha frio, era pálido, fugia quando uma pessoa estava sangrando e era super-rápido. – Continuei a encarando – O que foi?
   – Você está assistindo a filmes demais. – Sussurrei. – Eu apenas tenho... Tenho pernas fortes, por isso corro rápido e não... Não gosto de ver sangue, por isso eu fugi.
   – Qual é o seu nome, vampira? – Ela com certeza não tinha me ouvido.
   – Meu nome é Kristen e, por favor, para de me chamar de vampira. – Eu estava começando a me irritar com aquela garota.
   – Mas... – Ela começou a falar com seus olhos castanhos começando a ficar espantados com o meu tom de voz.
   – Mas nada – A interrompi. – Eu não vou ficar aqui tentando fazer você acreditar que vampiros não existem, mas saiba de uma coisa, não fica falando isso para outros, porque eu sou boazinha perto de outros, se certas pessoas te pegarem falando isso... Você não vai querer saber o resto
   – Mas...
   – Cala a boca! – Gritei.
   Ela começou a chorar. Colocou suas mãos no rosto e se encolheu no assento enquanto berrava uma ação típica de criança fazendo charme.
   Eu não queria que os pais dela viessem dar um daqueles investidos sermões contra o “agressor” da filha, mas eu nem sequer sabia se os pais dela estavam aqui. Talvez ela estivesse viajando para ir a algum internato.
   Seu choro ficou mais forte e pensei se aquilo era de propósito, para me irritar ainda mais. Mas não perguntei nada a ela. Fingi que não estava prestando atenção, até uma hora em que ela parou e eu olhei para ela. Seu cabelo loiro estava bagunçado e seus olhos estavam vermelhos.
   – Vai começar a chorar novamente? – Perguntei em um tom frio.
  Ela nada respondeu e continuou me encarando. Observei um leve tom avermelhado nas suas íris.
   – Você vai continuar me encarando?
   – Não tem diferença. – Ela respondeu e abriu um sorriso, o que foi o necessário para mim em uma velocidade desumana, pegar a minha mochila onde estava o pára-quedas minha bolsa e sair correndo em direção a aera-moça.
   – Abra a porta! – Disse quando cheguei a uma mulher que usava o uniforme da companhia aérea e um rabo de cavalo alto.
   – Desculpe senhorita. O que disse? – Ela perguntou educadamente.
   – Abra a porta! Vai! – Disse enquanto olhava para trás e percebia o choque da garota que estava sentada ao meu lado. Alguém estava tentando entrar dentro dela. Alguém cuja missão era me matar. Podia perceber isso através do olhar vermelho da garota e seus dentes de tubarão. Principalmente também pelo seu andar, como se ela fosse um macaco.
   – Senhorita você está nervosa? Quer que eu pegue uma água?
   – Não. Eu quero que você abra a porcaria da porta!
   – Isso é totalmente proibido. Não estamos em condição de abrir a porta. Pode matar a todos dentro do avião. A pressão do lado de fora é muito grande. Sente-se. Eu vou trazer um copo d’água. Não é assim que resolvemos nossos problemas – A mulher disse, já demonstrando estar espantada e assustada.
   – Não! E se você não quer abrir a porta eu vou arrancá-la.
   A mulher olhou para mim como se eu fosse louca e então eu coloquei meus pára-quedas e dei uma última olhada para trás.
   Aquela garota era forte. Seja lá quem fosse que estava tentando entrar dentro dela, ainda não tinha conseguido, mas mesmo assim eu não podia correr o risco de morrer. Se eu morresse seria o fim.
   Coloquei as duas mãos sobre a porta de entrada e comecei a contar até dez. E quando a aera-moça percebeu que eu estava falando sério em arrancar a porta, ela começou a gritar.
   - Senhorita, você não pode fazer isso, vai matar todos nós e você também. – Ela disse e continuou dizendo, até que quando eu cheguei ao número nove da contagem, eu virei para ela e disse:
   – Sim eu posso. Uma coisa que eu não posso é morrer e, se eu ficar aqui, aquela coisa – Apontei para a garota – vai me matar. E eu sei que isso é mal, mas, de qualquer jeito, esse avião ia cair , porque o comandante seria possuído e tal. E eu também não to afim de morrer.
   – Eu não quero morrer! – Ela choramingou.
   Enquanto eu empurrava levemente a porta, eu falei no ouvido dela:
   – Peça para todos colocarem máscaras de oxigênio. Talvez vocês sobrevivam, mas não tenha muitas esperanças.
   Com uma mão empurrei um pouco mais forte a porta e rapidamente ela saiu e então eu pulei e, de onde eu estava, pude ouvir o grito da voz de quem tinha entrado no corpo da garota.
   – Não!

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