quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu, a vampira - TERCEIRO CAPÍTULO

Quando já estava um pouco distante do lugar que eu pulara, abri os pára-quedas. Lentamente fui descendo até alguma floresta já que eu não tinha opção, sendo que até o horizonte eu só via árvores e árvores. O amanhecer estava chegando e eu precisava estar em um local seguro antes de o sol nascer, se eu não quisesse virar cinzas.
   Pousei em uma brechinha que tinha entre uma árvore e outra. Minha cabeça agora estava coberta por um tecido, meio plástico, o pára-quedas. Retirei-o de cima de mim e levantei em um pulo.
   Eu precisava caçar e procurar abrigo, pensei.
   Abri a minha bolsa que eu carregara desde que eu tinha pulado do avião e retirei minhas botas, que cabiam dentro da bolsa porque elas não eram tão grandes, nem tão pesadas; meu moletom, meu boné, minhas luvas e meu celular. Meus óculos já estavam postos no meu rosto.
   Coloquei as roupas em cima de mim e abri o meu celular, procurando a função de GPS. Estava sem sinal. Que ótimo! Agora eu não sabia nem a onde eu estava. O melhor que eu tinha a fazer era caçar. Pelo menos ia repor minhas energias.
   Andei na floresta a fim de procurar algum animal e o que eu encontrei foi um casal de coelhos. Minha garganta já começava a doer, eu não hesitei, peguei os dois pela mão. Mordi o primeiro no pescoço e deixei o sangue fluir na minha boca. Ele era quente e delicioso. Fiz a mesma coisa com o segundo.
   Minha fome tinha acabado, mas eu senti minha nuca queimando, sinal que o sol já estava para nascer. Eu precisava sair dali. O céu já estava passando de azul marinho para um azul mais claro. No horizonte eu já via um vestígio de cores laranja e rosa.
   Procurei usar os meus instintos. Concentrei toda a minha energia na procura de algum humano, algum coração batendo, algum sangue circulando. Encontrei um homem a uns cinco quilômetros dali, provavelmente ele estaria caminhando.
   Peguei minha bolsa, que ainda tinha o meu celular e corri. Corri o mais rápido que os meus músculos permitiam e que fizeram estar parada na frente de um jovem em menos de dez segundos. Ele deveria ter em torno de vinte e dois anos e usava um casaco grosso e calças pretas. Um par de botas bege também faziam parte do seu visual.
   Ele deveria estar espantado com a minha rapidez, pois seus olhos estavam arregalados e quando ele falou, sua voz estava um pouco trêmula.
   – Olá. Posso ajudá-la?
   – Sim. Eu gostaria de saber de alguma cabana, algum abrigo o mais próximo daqui.
   Ele ficou um pouco pensativo, mas logo respondeu.
   – Eu não sei de nada aqui por perto. Só estou de passagem. Mas conheço um hotel a uns dez quilômetros daqui.
   – Obrigada e... – disse – O que você está fazendo aqui, nessa mata? – Perguntei um pouco desconfiada.
   Ele pareceu ficar um pouco confuso com a pergunta, parecia que não imaginaria que eu ia lhe perguntar isso.
   – Eu... Eu não sei. Estava em casa. Em uma cidade aqui perto de Nova York, quando uma voz meio que... Meio que falou para eu vir aqui. – Ele deu de ombros.
   Eu vi seus olhos começarem a ficar com um leve tom avermelhado e, na mesma hora, ele abriu um sorriso com dentes pontudos. Perguntei-me se não tinha mais outros iguais aqueles por aqui. Eles são como imãs, dentro do avião provavelmente já tinham uns vinte demônios querendo me matar e tentando entrar nas pessoas. Era de se esperar que viesse pelo menos mais uns cinco.
   Quando você é mordido e vira um sugador de sangue, vampiro ou podemos até chamar de demônio, você tinha a necessidade de acabar com vidas, drenando todo o sangue da pessoa e em troca, você ganha imortalidade, força, rapidez e algum tipo de poder paranormal.
   O meu, era de conseguir manipular os pensamentos das pessoas e de alta percepção, poderia conseguir que elas fizessem o que eu bem querer, ou até conseguir fazê-las acharem que estão em seus piores pesadelos, sendo que estão sentadas na sala de aula. Além de conseguir, por exemplo, prever quem seria o cavalo ganhador em um hipódromo. O meu poder era a manipulação e o ilusionismo e, com certeza, eu iria usá-los agora.

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